A Final do Campeonato

Por intermédio da inauguração do campo de futebol Doutor Sócrates Brasileiro, na Escola Nacional Florestan Fernandes no último sábado dia 23/12, resolvi esboçar a analogia que descrevo no texto. Sem altas pretensões, quero apenas provocar algumas reflexões. Diria até que mais focadas no nosso campo político, para através dela, fazer a seguinte pergunta: estamos preparados para o que há de vir?
Então vamos lá! Gosto de fazer análises de conjuntura usando como metáfora o futebol, pois no esporte, bem como em qualquer competição, não é possível que os dois times (ou competidores) em questão percam ou ganhem ao mesmo tempo, no máximo podemos ter um empate. Logo, o futebol torna-se a metáfora perfeita para desenhar a conjuntura (talvez por isso esse esporte atraia tanta atenção e seja tão popular), pois na dialética não tem como os antagônicos ganharem ao mesmo tempo.
Lenin dizia que para que a revolução se torne factível, é preciso que as condições objetivas e subjetivas estejam favoráveis. E posso garantir, o subjetivo é muito importante... não há medidas diferentes entre as duas categorias. Se é que posso chamar assim.
Partindo, da citação de Lenin, desta metáfora e analisando a conjuntura brasileira, posso afirmar: subestimamos o inimigo! Vamos recordar da Copa de 1998, a Seleção Brasileira tinha o melhor time da competição, tinha um futebol arte com objetividade, dava show de bola. Mas lembro-me da maior preocupação. Todos falavam em unanimidade: “tomara que o sucesso e a fama não lhes subam a cabeça... Se entrar para jogar de salto alto, vai perder!”. Ao final, a Seleção Francesa foi campeã. É claro que não podemos dizer que só o subjetivo condicionou o fracasso, pois no jogo, bem como na conjuntura, a tática pode alterar o resultado final. Um detalhe somado a uma série de determinações pode mudar o curso da história.
Tivemos três mandatos e meio de um governo progressista e “popular”, com avanços importantes para a classe trabalhadora, mas esse tempo, somado a uma tática e estratégia equivocada, foi suficiente para alienar (no sentido clássico da palavra) a leitura da realidade de alguns companheiros. Era comum ouvir dizer que revolução e luta de classes eram coisas do passado, que na conversa através de conciliações com a burguesia iriamos construir uma sociedade justa. Eu cheguei a pensar que um dos legados do PT seria a destruição do PSDB, pela cada vez menor ressonância do partido neoliberal e de seu projeto junto a sociedade.
A eleição de 2014 foi um marco divisor de águas na conjuntura. A crise sistêmica do modelo capitalista já lançava seus tentáculos sobre o Brasil, a burguesia e seus teóricos já anunciavam o que estava por vir. Em um momento de crise (quando algo não está funcionando bem) só mudanças estruturais podem resolver (uma refundação, uma reformulação).
Sabendo do que estava por vir, se aproveitando da cegueira dos adversários, a burguesia orquestrou e ocupou as cadeiras do Supremo Tribunal (que historicamente nunca foi progressista), haja visto que Lula nomeou 8 ministros e Dilma 5, o primeiro com grande ajuda do “arquiteto” nesse processo o falecido Márcio Thomaz Bastos, Ministro da Justiça no primeiro e parte do segundo mandato do Governo Lula.
A campanha mais cara da história do Brasil iria garantir o legislativo. A mídia, essa sempre foi deles. Agora só faltava o executivo, e a saída para a crise viria pela direita, com o peso da conta jogado todo nas costas dos trabalhadores.
Só que o jogo não terminou como eles esperavam, apesar de todo o investimento, aos 45 minutos do segundo tempo, jogando com a Dilma e o nosso melhor atacante no banco de reservas, nós ganhamos com um gol chorado no último segundo. Vencemos a partida, mas não o campeonato, a estratégia deles para o torneio já estava montada há tempos (hoje avalio que tinha grandes lacunas e muita pressa), era necessário derrubar a Dilma e neutralizar nosso atacante para assumir o controle total do Estado, e retomar as taxas de lucro.
Não deu outra, em agosto de 2016 o Senado Federal homologou uma das maiores farsas da história da nação e condenou a primeira presidente sem provas e sem crime.
A partir daí o jogo tornou-se muito mais favorável a eles, abriu-se a temporada de caça aos militantes, organizações dos trabalhadores e direitos do povo. Contudo duas questões nos favoreciam: o time deles tem vários técnicos (não existe unidade entre eles) e nosso time tem o melhor atacante (“Lula 2018” com forte apelo popular). Notem, não estou me referindo a pessoa para não personalizar, me refiro a marca “Lula 2018”, ao processo de luta, debate e acúmulo que o momento pode nos proporcionar. Com isso, aprendia outra lição... Também não podemos superestimar o inimigo. 
Nesse campeonato disputado, ainda existe um certo time, com muitos problemas de conteúdo, sem organização interna, que se diz “o dono da bola”. Por isso dizem que se eles não jogarem não terá jogo, como menino mimado, pois eles tomam a bola. Esse time é dissidente e tem um atacante chamado Bolsonaro, que usa sapato alto, mas tem pernas de pau.
O objetivo do time grande - representantes reais da burguesia - e da direita, agora será conseguir um atacante e desfalcar o nosso. O problema é que a partida final já começou, e Lula já entrou em campo. Já enfrentamos até, algumas boas divididas de bola. Já tentaram contundir nosso atacante com várias faltas pesadas (merecendo até cartão) com todo o corpo de arbitragem comprado, exceção talvez do juiz reserva.
Diante desse cenário a única solução para eles é expulsar nosso atacante sem falta (cartão vermelho), e para nós, excluída todas as possibilidades, a solução é ocupar o campo, para fechar o campeonato.

Por Fábio Barros

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